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Novas regras na educação: MINEDH "fortifica" passagens automáticas e cria centros de reorientação

 


Se as passagens automáticas já dividiam os pais e encarregados de educação e os gestores do sector da educação, por alegadamente serem responsáveis pela má qualidade dos alunos formados, estas passarão a alimentar polémicas cada vez mais. É que, para além das classes do ensino básico sem exames (anteriormente 1ª, 2ª, 3ª,4ª e 6ª classe), a medida será agora implementada em todas as classes sem exame do Sistema Nacional de Educação. Ou seja, de 1ª à 12ª classe serão implementadas as passagens automáticas, excepto em classes com exame.

A novidade é avançada pelo Director do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), Ismael Nheze. Em conversa com “Carta”, Nheze explicou que, a partir do presente ano lectivo, o sistema passará apenas a “reter”, por cada ciclo, alunos que não desenvolverem competências previstas para o seu nível.

Isto é, o aluno tem uma passagem automática garantida na 1ª, 2ª, 4ª, 5ª, 7ª, 8ª, 10ª e 11ª classe. Porém, será avaliado em cada final do ciclo (3ª, 6ª, 9ª e 12ª) e caso não reúna as competências exigidas será “retido” naquele ciclo. Contudo, se o aluno “chumbar” duas vezes no ciclo (isto é, na 3ª, 6ª, 9ª e 12ª) será enviado a um Centro de Reorientação, que será capaz de identificar as potencialidades do aluno (que podem não passar pelos domínios da leitura, escrita e cálculo).

Aliás, na nova modalidade de ensino, Nheze esclarece que os alunos deverão ter domínio da leitura, escrita e cálculo até à 3ª Classe e, caso não consigam desenvolver estas competências até esta fase, serão reorientados para outras actividades.

Segundo Ismael Nheze, o aluno que chumbar duas vezes no mesmo ciclo será levado para um psicólogo para se apurar os problemas por detrás da sua fraca capacidade de assimilar as matérias ministradas pelos professores. Aliás, na conversa com a nossa reportagem, a fonte disse haver vários factores que influenciam o fraco desempenho do aluno na escola: questões de saúde; problemas familiares; fome; necessidades educativas especiais; etc.

“Nenhuma criança pode reprovar mais que uma vez. Portanto, nós temos que perceber porque é que a mesma reprova”, frisou, sublinhando que a reorientação será conduzida por especialistas.

“A reorientação, numa primeira fase, ocorre nas escolas que estão organizadas em ZIP (Zona de Influência Pedagógica), que é constituída por cinco a sete escolas e, nesse local, há gente preparada para lidar com as diferentes situações”, garantiu.

Se a nível da ZIP não for possível corrigir os problemas apresentados pelo aluno, este será transferido para um Centro de Reorientação Regional, que terá a competência de lidar com os alunos de cada região do país. Neste momento, segundo o Director do INDE, existem nove centros regionais em todo o país, sendo três em cada uma das três zonas do país (sul, centro e norte).

“Se nestes Centros, as crianças não adquirirem competências, tendo em conta que a Lei abre a possibilidade para ensino vocacional e como no país há poucas escolas vocacionais, estas crianças devem ser ajustadas ao desporto, costura entre outras, sendo que, algumas podem ter dons para outras áreas. Portanto, estas crianças devem ser encaminhadas para fazer aquilo que elas sabem fazer. Nem todos estão para ser doutores, temos que pensar que a criança deve crescer num ambiente social e útil à sociedade, porque cada criança tem suas potencialidades”, rematou.

Na conversa que manteve com a nossa reportagem, Nheze não explicou que tipo de avaliação será feito nas classes sem exame para se aferir se os alunos estão a assimilar as matérias ministradas pelos professores, como forma de garantir qualidade na formação.

Lembre-se que as passagens automáticas vigoram em Moçambique desde 2004, primeiro ano da alteração do sistema de progressão no Sistema Nacional de Educação. Pais, encarregados de educação e organizações da sociedade civil ligadas à área da educação apontam as passagens automáticas como responsáveis pela má qualidade do ensino no nosso país.

Sublinhar que, nos dias que correm, alunos atingem 7ª classe (último ano do ensino básico) sem saber ler, escrever e fazer operações matemáticas de adição e subtração. Por essa razão, aguarda-se com enorme expectativa os resultados a serem produzidos pela nova modalidade de ensino, cuja nova Lei entrou em vigor este ano.


Fonte:Carta

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