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Protestos e vandalismo na Sérvia contra resultados de eleições legislativas que deram vitória ao partido no poder

 

Manifestantes partiram vidros, cercaram edifício da câmara e compararam atual Presidente a Vladimir Putin após serem detetadas irregularidades. Eleições vão ser repetidas em 30 localidades.


A noite de protestos na Sérvia ficou marcada por atos de vandalismo por parte de vários manifestantes

A noite de natal na Sérvia foi de protestos violentos, com milhares de pessoas a saírem às ruas contra a alegada interferência eleitoral do partido no poder, o Partido Progressista da Sérvia (SNS), que ganhou as eleições legislativas da última semana, num ato eleitoral que a oposição interna e vários analistas internacionais têm criticado devido à ocorrência de várias irregularidades.

As manifestações têm estado a decorrer desde que os resultados eleitorais foram anunciados, a 17 de dezembro, mas subiram de tom este domingo, com milhares de pessoas a cercarem a câmara municipal de Belgrado e o edifício da comissão eleitoral sérvia, também na capital do país, com gritos de ordem e protestos contra a alegada fraude eleitoral e que resultaram em confrontos com a polícia.

De acordo com a Associated Press, citada pelo The Guardian, elementos da polícia de choque foram mesmo forçados a barricar-se dentro da câmara municipal, disparando gás lacrimogéneo contra os manifestantes à medida que estes partiam vidros, atiravam ovos e tentavam forçar a entrada no edifício.

“Abram a porta”e “ladrões” foram algumas das palavras de ordem que ecoaram durante a noite, com algumas pessoas a gritar “Vučić é Putin”, numa comparação entre Alexander Vučić, o atual Presidente sérvio, e o líder russo Vladimir Putin. Eventualmente, a polícia conseguiu criar um perímetro e forçar os manifestantes a afastarem-se. Ao que se sabe, os confrontos resultantes não provocaram feridos, mas levaram à detenção de várias pessoas pelas autoridades.

Em causa estão os resultados das eleições legislativas da última semana, convocadas antecipadamente pelo Chefe de Estado sérvio. O partido de Vučić, o SNS — membro da família dos populares europeus (a mesma do PSD, em Portugal) e de cariz populista — estava no poder e venceu de novo as eleições com 48% dos votos, contra 24,3% do partido da oposição, o SPN, de centro-esquerda.

O resultado não impediu o SNS de perder a maioria que tinha no parlamento sérvio; ainda assim, foi colocado em causa pela oposição interna, bem como por analistas independente, com uma comissão de monitorização internacional a considerar que as eleições foram condicionadas pelo controlo da comunicação social por parte do partido, uso indevido de influência por parte do Presidente Vučić e alegada compra de votos em vários locais.

Vučić e o SNS têm negado categoricamente as alegações, descrevendo-as como propaganda da oposição e apelidando os manifestantes de “vândalos”, insinuando que a comunidade internacional estaria a promover a divisão do país.

Por seu lado, o SPN apelou a que as pessoas saíssem à rua e se manifestassem, coisa que têm feito ao longo da última semana. Marinika Tepic, deputada e influente membro da oposição sérvia, começou inclusive uma greve de fome em protesto contra os resultados eleitorais. Em resposta à pressão internacional, o governo sérvio anunciou há dias que o ato eleitoral será repetido em 30 localidades, com as novas eleições a realizarem-se este sábado, 30 de dezembro.

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