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SAMIM entrega armas capturadas aos terroristas em Cabo delgado
Diverso material bélico capturado nas mãos de terroristas durante diversas operações…
Diverso material bélico capturado nas mãos de terroristas durante diversas operações…
O Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) considerou hoje que a saída da Missão Militar da África Austral (SAMIM) da província de Cabo Delgado, norte do país, vai "enfraquecer" o combate ao "terrorismo".
"É um erro estratégico do Governo de Moçambique, dos países da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e dos parceiros de cooperação que deixaram de financiar a missão, o que vai dar mais campo de ação aos terroristas e enfraquecer a capacidade de luta contra o terrorismo e extremismo violento", refere um comunicado da organização não governamental moçambicana.
No passado dia 23, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, disse que a SAMIM, que apoia Moçambique no combate a grupos rebeldes em Cabo Delgado, vai abandonar o país, devido a limitações financeiras.
"A SAMIM está a enfrentar alguns problemas financeiros e nós [Moçambique] também temos de tomar conta das nossas tropas e teríamos dificuldades em pagar pela SAMIM. Os países não estão a conseguir colocar o dinheiro necessário (…)", declarou Verónica Macamo ao canal público Televisão de Moçambique (TVM), sem avançar datas específicas.
Reagindo ao anúncio, o CDD defendeu hoje (31.03) que a decisão da saída dos militares da SADC acontece "num contexto de recrudescimento dos ataques e do surgimento de novas lideranças terroristas".
Aquela ONG indica que a SADC já tinha comunicado em 17 de agosto de 2023, em Luanda, que os seus militares vão deixar Moçambique, a partir de 16 de junho próximo, mas nessa altura, "a situação estava controlada, principalmente depois da morte em combate de Ibn Omar, o líder nacional do grupo" armado que atua em Cabo Delgado.
"Agora, para além da narrativa de que a situação está controlada, evoca-se a falta de fundos e a necessidade de se dar mais atenção à guerra na República Democrática do Congo, onde há um contingente regional", diz o CDD.
No dia 26, o porta-voz do Governo moçambicano, Filimão Suaze, disse que a condição atual da guerra contra rebeldes na província de Cabo Delgado justifica a saída da SAMIM.
"A situação em que nós nos encontramos agora é muito diferente daquela em que nós estávamos quando esta força veio a Moçambique. A situação atual já justifica que se acione a sua retirada", declarou Suaze.
"Estas missões sempre têm um prazo, para o início e para o seu término (…). Esperamos que todos os pressupostos sejam observados para, até ao final de julho, esta força tenha regressado, nada obstando que, entendendo haver necessidade de seu regresso a Moçambique, assim o seja", acrescentou
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência, que desde dezembro de 2023 voltou a recrudescer com vários ataques às populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio primeiro do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás.
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