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Nampula a braços com o lixo e cólera

 


No distrito de Mecuburi há nove óbitos. As autoridades de Saúde dizem que a desinformação está a ser o grande problema. Enquanto isso, a cidade de Nampula reporta maior número de casos. O lixo espalhado na via pública é um factor de risco.

Os casos de cólera na província de Nampula voltam a mostrar uma tendência de alastramento. Neste momento, cinco distritos estão com o surto activo, nomeadamente: Nampula, Eráti, Meconta, Nacarroa e Mecuburi, com um cumulativo de 12 óbitos (nove em Mecuburi e três no distrito de Nampula), de um total de 3.269 casos notificados de Outubro último a esta parte.

“Preocupa-nos mais o distrito de Nampula pelo número de casos que tem vindo a reportar e o distrito de Mecuburi pelo número de óbitos. Mecuburi tem uma particularidade para este aumento da taxa de letalidade. Estamos a falar de pouco mais de 340 casos que foram notificados em Mecuburi, contra nove óbitos. Estamos aqui a dizer que a taxa de letalidade está mesmo acima de 3%, o que é gritante”, disse Geraldino Avalinho, chefe do Departamento de Saúde Pública no Serviço Provincial de Saúde em Nampula.

O responsável fez saber que a onda de desinformação em Mecuburi é que está a dificultar a contenção dos casos de cólera, uma vez que alguns populares acusam os agentes de Saúde de estarem a propagar a doença ao distribuírem o purificador de água conhecido por “Certeza”. Aliás, em Dezembro findo nove casas foram destruídas no posto administrativo de Muite, oito das quais dos líderes comunitários e de um agente polivalente de Saúde que inclusivamente foi espancado. Na sequência disso, o governador de Nampula, Manuel Rodrigues, deslocou-se ao terreno no dia 20 de Dezembro para perceber o problema e reunir com a população para não pautar por esse comportamento de vandalismo e desinformação.

“Em Mecuburi estamos a enfrentar um problema de desinformação e isto faz com que as nossas acções sejam fragilizadas. Só para ter uma ideia, destes óbitos que reportamos naquele distrito, infelizmente, quase a metade foram reportados fora da unidade sanitária. São óbitos reportados fora da unidade sanitária. Aconteceram na comunidade. Nossa equipa ia atrás dos doentes porque não queriam se fazer às unidades sanitárias por conta desta questão da desinformação”, lembrou Avalinho.

Nas últimas 48 horas, 23 pacientes deram entradas nas unidades sanitárias com o cólera, dos quais 14 na cidade de Nampula. A cidade de Nampula tem 18 pacientes internados no Centro de Tratamento de Cólera.

“A nossa província, a nossa cidade (de Nampula) em particular está inundada, passa a expressão, de resíduos que nem estão segregados. Portanto, é uma mistura de dejectos e isto propicia não só a estagnação da água para a proliferação de vários vectores que podem causar problemas para a saúde pública, mas também podem de certa forma criar condições para a contaminação das nossas fontes de água que se encontram dispersas em vários pontos da cidade”.

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