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Nyusi despede-se Hoje dos moçambicanos

“Últimas chuvas caem dentro do período”, INAM



O Instituto Nacional de Meteorologia afirma que as chuvas dos últimos dias não estão a ocorrer fora da época chuvosa e, por isso, não há necessidade de se alterar o calendário. Já o especialista em Ambiente defende a redefinição do período chuvoso para que as pessoas possam preparar-se.
A época chuvosa em Moçambique começa em Outubro e termina em Março do ano seguinte.
Entretanto, na prática, acontece o contrário. Por exemplo, a época chuvosa de 2023–2024 já chegou ao fim, mas, há, ainda, a ocorrência de chuvas acima do normal na zona Sul do país. E isto tem uma explicação.
“Os fenômenos naturais não obedecem, exactamente, o calendário que nós temos, o administrativo ou o que se usa hoje. Eles obedecem aquilo que é a regra da natureza. Nós é que nos adequamos a perceber e entender o sistema todo como é que funciona, mas a realidade é esta. Não são chuvas fora de época. Fazem parte desta época e chamamos de chuvas tardias”, explicou Isaías Raiva, climatologista do Instituto Nacional de Meteorologia.
Ainda que estas chuvas sejam tardias, o climatologista diz que ainda não é altura de repensar o calendário da época chuvosa.
“Segundo as pesquisas que temos feito nos últimos dias, a época chuvosa não alterou o período. Não há evidências claras para se alterar. Esses inícios precoces e fins tardios fazem parte da variabilidade climática. Vamos continuar a fazer estudos e a actualizar toda a informação. Se assim o justificar ou tivermos evidências para tal, como INAM, iremos publicar essa informação”, concluiu.
Ainda neste período, alerta o INAM, poderá haver ocorrência de ciclones.
“Estamos dentro da época ciclónica. É, sim, possível, acontecer o surgimento de um ciclone fora da época ciclónica. Estamos a falar do início de Maio. É verdade que as águas já estão a começar a esfriar, mas é possível”, alertou Isaías Raiva.
Já o director da Faculdade de Ciência e Ambiente na UP-Maputo defende que se devia, sim, repensar o calendário da época chuvosa para preparar as pessoas.
“Eu creio que pode se repensar no calendário pluvioso de modo que possam se tomar as medidas de prevenção e tais consistem em nós olharmos, não só para a questão do ordenamento do território, mas naquelas áreas, onde existem valas de drenagem efectuar-se a limpeza, o desassoreamento para permitir o escoamento do excesso de precipitação. Então, um repensar do calendário pluvioso seria importante para ver e que momento do ano é que nós podemos implementar medidas que podem prever os danos futuros caso ocorra um excesso de precipitação”, sugeriu Gustavo Dgedge, director da faculdade de Ciência e Ambiente na UP-Maputo.
E, por falar em precipitação, a quantidade de chuva que cai em 24 horas ou menos é assustadora.
“A precipitação que se espera cair num mês é de cerca de 75 milímetros, mas nós temos chuvas de 50 milímetros num dia. Então, quer dizer que num único dia cai a metade do que podia cair num mês. Esse excesso é superior para a capacidade de infiltração e da drenagem. O que acompanhamos, agora, é que há uma grande quantidade de precipitação. Ou seja, cai muita água em pouco tempo e a quantidade que cai, não permite que ela seja evacuada ou escoada do território no tempo para permitir a não ocorrência de alagamentos”, concluiu o director da faculdade de Ciência e Ambiente na UP-Maputo.
Associadas à quantidade de chuva que cai, estão as construções desordenadas, que bloqueiam o caminho natural das águas, o deficiente sistema de saneamento e tudo isto vai culminar em inundações urbanas.
Os dois especialistas são unânimes ao afirmar que as mudanças climáticas estão, também, a influenciar para que a ocorrência das chuvas fora da habitual época chuvosa e o país, apesar de poluir menos, sofre as consequências.

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