Nyusi despede-se Hoje dos moçambicanos
É já, quarta-feira, 7 de Agosto de 2024, que Filipe Jacinto Nyusi irá discursar pela…
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Na Localidade de Belane em Vilankulo, o jornal “O País” encontrou Ana, nome fictício, uma adolescente de 16 anos de idade, que caminhava a passos tímidos, que revelam o medo de quem já esteve nas mãos de traficantes.
Com promessa de uma vida melhor, Ana, na altura com 14 anos de idade, foi interpelada no regresso da escola em 2019 e levada, ilegalmente, para a vizinha África do Sul para servir de mão-de-obra barata.
Ela contou ao jornal “O País” que foi levada por uma mulher de nome Zélia para África do Sul onde vivia sozinha. Chegaram à terra de Rand no dia 1 de Maio de 2019, mas a Zélia voltou para Moçambique em Dezembro do mesmo ano, tendo-a deixado sem alimentação.
Ficava sem comer, contudo isso não era tudo. Ela, na verdade, servia de empregada da pessoa que a levara para a vizinha África do Sul. “Eu vendia desde produtos alimentares até mobília entre muitas coisas na loja dela”, porém, para tal serviço, ela não tinha nenhuma remuneração.
Ana diz que, quase todos os dias, passava por agressões físicas, se não fizesse o que lhe mandavam, uma vez que a Zélia saía de casa muito cedo e cabia-lhe a missão de carregar água, fazer limpeza e vender.
Ana atravessou a fronteira ilegalmente, sem o conhecimento dos pais que ficaram 2 anos sem saber do paradeiro da filha. “Sofremos muito, porque não sabíamos o que tinha acontecido com a nossa filha; eu não conseguia comer por isso, só este ano é que soubemos que ela estava na África do Sul”, revelou o pai da Ana recordando por que passou desde que a filha desaparecera.
A Polícia diz ter conhecimento do caso e que está a investigar. Juma Dauto, do Comando da PRM em Inhambane, revela que o caso só aconteceu pelo envolvimento activo de um membro da família dela que até já foi identificado, falta apenas a sua neutralização e, depois, a responsabilização na justiça.
Em 2020, Inhambane não registou nenhum processo criminal ligado ao tráfico de pessoas, mas o Ministério Público diz que essa não é razão para relaxar.
Nazimo Mussa, Procurador-chefe em Inhambane, defende que, sendo de conhecimento público, a província, dada à sua localização e extensão, se tem revelado como um potencial corredor de tráfico de seres humanos como também um lugar de fonte, sobretudo, de crianças e jovens para o trabalho forçado ou exploração sexual nas outras regiões do país e no estrangeiro. “Dada à nossa localização geográfica, o fenómeno da Migração Ilegal tem vindo a ganhar espaço na nossa província que é usada como um corredor por redes de emigrantes ilegais tendo, como o destino, a cidade de Maputo e a República da África do Sul”, disse Mussa, acrescentando que a prova disso são as constantes interpelações de cidadãos de nacionalidade malawiana, etíope e outras nos vários postos de controlo da província, feita pelas autoridades de Migração e PRM.
O Magistrado diz que as autoridades devem reflectir sobre a actuação no controlo da legalidade e como detentores da acção penal e como envolver os demais actores no combate a este fenómeno. “A protecção da criança, mormente a intervenção processual do Ministério Público com vista a responsabilizar, judicialmente, os agentes de crimes contra menores, deve ser exemplar com vista a prevenção dos novos delitos”
Só no ano passado, as autoridades interpelaram mais de 100 emigrantes ilegais e, em três meses deste ano, já são 13 encontrados. Face a estes números, Nazimo Mussa diz que a prevenção e repressão deste fenómeno devem ser permanentes, tendo em conta que Inhambane é um local de trânsito de mulheres e crianças sujeitas ao tráfico para o trabalho forçado, exploração sexual e piores formas de trabalho infantil sobretudo na agricultura, venda nos mercados e vias públicas e mineração.
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