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Há mais de 1.700 turmas ao ar livre na província de Gaza

 



Pelo menos mais de 1.700 salas são debaixo de árvores e de construção precária na província de Gaza. Além disso, contam-se mais de 270 escolas sem água, item essencial no combate ao novo Coronavírus.


As aulas retomaram no contexto da COVID-19, mas os velhos problemas de infra-estruturas escolares ainda perseguem a educação na província de Gaza.


Os alunos sentam-se no chão, estudam em salas de construção precária ou mesmo debaixo das árvores.


“Quando nós estamos na sala de aula, sentimo-nos desconfortáveis por estar a sentar no chão e, nos dias de chuva, não temos estudado porque há infiltração de água em tudo quanto é canto”, contou Regina Júlio, aluna da sexta classe, na Escola Primária de Chongoene, província de Gaza.


Regina Júlio sonha ser médica, é aluna da sexta classe e suas aulas decorrem numa sala de construção precária, cuja degradação do pavimento é notável. Escrever, para si, não é um exercício fácil.


“Para poder escrever, às vezes, nós colocamos as nossas pastas sobre as pernas e depois o caderno”, explicou Regina Júlio.


Não é fácil manter a concentração na aula porque as frestas do caniço permitem ver a parte exterior da sala, o que compromete, de certa forma, o aproveitamento escolar.


“Quando a professora explica uma matéria, conseguimos ver o que acontece do outro lado e, facilmente, ficamos distraídos. A tendência é olhar para o outro lado porque a sala não ajuda muito”, narrou Abner Moiane, aluno da sexta classe, em Chongoene.


Se para os alunos é difícil manter a concentração nestas condições, para os professores transmitirem o conhecimento, exige mais do que pedagogia.


“Na nossa sala, temos crianças a sentarem-se no chão e não é fácil elas aproveitarem o que leccionamos”, afirmou Gilda Avelina, professora na Escola Primária do 1º e 2º graus de Chongoene, secundada pela sua colega, Sandra Langa, ao afirmar que “nós estamos a trabalhar, mas com muitas dificuldades porque as nossas salas não estão em boas condições. Temos alunos que não têm acesso a carteiras”.


As salas de construção precária na Escola Primária do 1º e 2º graus de Chongoene foram anexadas há cinco anos para atender ao rápido crescimento da população daquele distrito de Gaza.


“A escola tem 10 salas construídas com material misto, as chamadas de construção precária, e elas albergam uma média de 850 alunos divididos em dois períodos, sendo 450 nas manhãs e 400 nas tardes”, apontou Geraldo Cumbe, Director da Escola Primária do 1º e 2º graus de Chongoene.


Crianças bem sentadas, sol sobre as cabeças e olhares atentos à árvore, lugar onde foi fixado o quadro. Há alunos que ainda estudam debaixo das árvores, no distrito de Chongoene, província de Gaza.


“É difícil trabalhar nessas condições. As crianças estão fora, sem protecção e já estamos no inverno, entretanto é muito difícil os encarregados entenderem esta situação e darem camisolas aos seus filhos. Nós, como professores, sentimos pelas crianças e trabalhar nessas condições é muito complicado”, lamentou Luísa Zandamela, professora de uma das escolas com alunos ao relento em Gaza.


Uma situação difícil, pela qual passam mais de 1.700 turmas da província de Gaza e, para já, o sector da Educação está de mãos atadas porque falta dinheiro.


“É nossa preocupação, mas, neste momento, ainda não podemos fazer muito para eliminar, definitivamente, esta situação. Por isso, temos vindo a procurar garantir que os alunos ou as escolas criem condições de os alunos usarem todas as salas de forma efectiva”, revelou Atanásio Cossa, Director provincial da Educação em Gaza.

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