Nyusi despede-se Hoje dos moçambicanos
É já, quarta-feira, 7 de Agosto de 2024, que Filipe Jacinto Nyusi irá discursar pela…
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Uma vez mais, a Estrada Nacional número um no distrito da Manhiça, província de Maputo, volta a ser palco de derramamento de sangue. É que por volta das 16 horas de ontem (sábado) ocorreu um acidente de viação que matou, de imediato, 14 pessoas e outras três morreram a caminho ou nas unidades sanitária, totalizando 17 óbitos.
O sinistro em causa envolveu duas viaturas. Uma delas é um semi-colectivo de passageiros que fazia o trajecto cidade de Maputo-Xai Xai (província de Gaza) e a outra é ligeira, e seguia no sentido contrário, ou seja, Xai Xai – cidade de Maputo.
Sucede, porém, que última viatura (a ligeira) tentou fazer uma ultrapassagem e, não tendo conseguido, invadiu a faixa de rodagem na qual transitava o semi-colectivo de passageiros.
Até ao final do dia de ontem, no local do acidente ainda eram visíveis os vestígios de sangue, estilhaços de vidros e peças de viaturas espalhadas pelo chão. José Chaúque é motorista do semi-colectivo de passageiros e um dos sobreviventes do sinistro e contou ao “O País” como tudo terá acontecido.
“Vinha de Maputo e passei a primeira curva de “Mahoxa Homo”. Depois passei a segunda (curva) e apareceu o condutor do prado que vinha daquelas bandas de Palmeiras. De repente, ele saiu da sua faixa e entrou na nossa. Eu vi o prado e esquivei para o lado direito e ele, quando viu que o carro já não estava na sua faixa, movimentou o carro e encontrou-nos e houve embate. Daí não vi mais o que aconteceu”, contou José Chaúque, condutor do semi-colectivo de passageiros.
E o que não viu, foi que 14 pessoas, dentre elas seu irmão, que era o cobrador no semi-colectivo, morreram no local do acidente. José Chaúque contraiu lesões, mas sabe que não é o culpado pelo sinistro.
“O carro ligeiro estava a uma alta velocidade. Eu já estava a andar a 80 quilómetros por hora porque já tinha passado todas as curvas”, revelou o condutor do semi-colectivo de passageiros.
Depois do sinistro, viveu-se momentos de pânico e agitação no Hospital Distrital da Manhiça, tudo para evitar mais perdas de vidas humanas.
“Talvez dizer que no final do dia de sábado, o hospital recebeu um total de sete pacientes e dos sete nós tínhamos quatro muito graves, que foram imediatamente, prestado os primeiros socorros e transferidos para o nosso hospital de referência, que é o Hospital Central de Maputo (HCM). Importa referir que um dos pacientes, a caminho Do HCM perdeu a vida, o que totaliza 16 óbitos porque tivemos 14 mortes no local do sinistro e um dentro do Hospital Distrital da Manhiça”, detalhou José Massingue, médico do Hospital Distrital da Manhiça.
Dos que foram transferidos, um morreu à caminho do Hospital Central de Maputo e o outro já a receber cuidados médicos naquela unidade sanitária. “O País” sabe, porém, que os dois óbitos são o casal que estava viatura ligeira, que se suspeita causadora do acidente.
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique deslocou-se à Manhiça, ainda na noite deste sábado, para se compreender a situação por perto e solidarizar-se com as vítimas.
Seguidamente, Bernardino Rafael falou à imprensa e não tem dúvidas de que o acidente teve origem nas causas humanas. “Este é um acidente de viação, mas não deixa de ser um homicídio porque de forma como as coisas estão a ocorrer, da forma como estamos a testemunhar é que o comportamento humano está a exagerar. Como podem ver, estamos a falar de 17 óbitos e mais feridos que, neste momento são quatro e não sabemos qual será a sua sorte. Estamos a tratar de pessoas que vinham a altas velocidades, não observam as medidas fundamentais de trânsito e no fim dá nisto que estamos a assistir”, apontou Bernardino Rafael, comandante-geral da PRM.
E é a terceira vez que se assiste a um acidente de viação no distrito da Manhiça em menos de quatro meses, mas o comandante-geral da PRM não fala de nenhuma outra medida para travar os sinistros senão a educação cívica.
“Não se pode falar de medidas. Primeiro, uma das coisas que se faz quando há uma tragédia dessas, precisamos de apurar aquilo que são prováveis causas profundas”, destacou o comandante-geral da PRM.
Posto isto, de acordo com Rafael, “as medidas decorrentes de corporação, de um Estado é educar o seu povo para respeitar. A educação é para ser acatada. Todos nós temos que ouvir os apelos que são feitos e não tomar medidas para bater pessoas, mas dar ensinamento que deve ser acatado e tentarmos prevenirmos”, sublinhou.
Entretanto, a administradora do distrito da Manhiça diz estar a envolver todas as forças vivas da sociedade para prevenir acidentes, mas parece que o esforço é em vão.
“É em vão porque os automobilistas porque os automobilistas não estão a ajudar. Este acidente, por exemplo, tínhamos uma mini bus a fazer Maputo –Xai Xai e o prado a fazer o sentido contrário e, simplesmente, este último fez uma ultrapassagem irregular e foi no semi-colectivo e quase todos perderam a vida. É muito triste. Isto já acaba nos tirando fôlego. Não são daquelas vítimas que podíamos socorrer, foram óbitos no local”, lamentou Cristina Mafumo, administradora do distrito da Manhiça, levando o lenço para os olhos, com lágrimas à espreita.
Mais uma vez o distrito de Marracuene estendeu sua mão para Manhiça, disponibilizando técnicos de saúde, mas o administrador tem bases para acreditar que o acidente podia ter sido evitado.
“Neste acidente, a culpa não pode ser imputada ao Governo, é mesmo por imprudência. Para quem viu o acidente, sabe que foi imprudência dos condutores. Aliás, um deles (o condutor) estava embriagado”, revelou Shafee Sidat, administrador do distrito de Marracuene.
Com este sinistro somam três o número de acidentes que aconteceram em menos de quatro meses e fizeram, no seu todo, 54 vítimas mortais.
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