Nyusi despede-se Hoje dos moçambicanos
É já, quarta-feira, 7 de Agosto de 2024, que Filipe Jacinto Nyusi irá discursar pela…
É já, quarta-feira, 7 de Agosto de 2024, que Filipe Jacinto Nyusi irá discursar pela…
Moçambique defende a paz na Ucrânia, "como todo o mundo", mas privilegia como caminho para lá chegar uma "pressão positiva", considerando infrutíferas resoluções a condenar a Rússia, diz chefe da diplomacia moçambicana.
Em declarações à agência Lusa e à emissora portuguesa RTP após ter dirigido os trabalhos de uma reunião extraordinária dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste (PALOP-TL) com a União Europeia, Verónica Macamo, que durante a sua intervenção no encontro lamentou a "destruição da Ucrânia" e a "violência sem dó nem piedade", rejeitou qualquer contradição entre as palavras e ações - quando confrontada com as sucessivas abstenções de Moçambique nas resoluções da Assembleia-Geral das Nações Unidas a condenar a agressão militar russa.
"Não, não há contradição, porque estamos como todo o mundo está", em defesa da paz, e "o problema são os caminhos" para a alcançar, disse a chefe da diplomacia moçambicana, apontando que "Moçambique acha que é importante" que seja exercida "uma pressão positiva para que a Ucrânia e a Rússia se sentem à mesa para ultrapassar o problema", pois todos os conflitos só terminam na mesa de negociações.
No dia em que Moçambique assume a liderança mensal rotativa do Conselho de Segurança da ONU -- no qual é membro não permanente desde 3 de janeiro passado, por um período de dois anos -, a chefe de diplomacia disse não conhecer ninguém "que não queira a paz" na Ucrânia, mas salientou que há diferentes abordagens, e enquanto "uns pensam que é por via de resoluções, outros pensam que é pela via do diálogo".
"Se olharmos para as resoluções que passaram, e já são muitas, alguma coisa mudou? Então, pensamos que se calhar há que mudar de estratégia. Mas não há contradição, estamos todos pela paz", declarou Verónica Macamo.
Verónica Macamo
"Pressão positiva"
Reforçando a sua ideia de uma "pressão positiva" para que as partes se juntem à mesa das negociações, a ministra disse que "quando se encontra dois irmãos a lutar", sendo que Moçambique considera os dois países "irmãos", dar razão a uma das partes prejudica o papel de mediação.
Insistindo que o grande objetivo é alcançar a paz na Ucrânia, porque "estão a morrer pessoas e o país está a ficar destruído", a chefe da diplomacia disse que Moçambique tem conversado com as duas partes, "ainda antes de estar no Conselho de Segurança das Nações Unidas", a "apelar para que efetivamente se sentem à mesa e haja conversações".
Durante a reunião, e após uma apresentação das prioridades do mandato de Moçambique enquanto membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, pediram a palavra o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Avelino Correia, e a diretora para África do Serviço Europeu de Ação Externa, Rita Laranjinha, tendo ambos sublinhado a importância de condenar sem ambiguidade a agressão russa, "que põe em causa os princípios e os valores da paz e da segurança internacional".
Questionada sobre se Moçambique continuará assim a abster-se de condenar a ofensiva lançada por Moscovo há já mais de um ano, a ministra disse que não pode antecipar os acontecimentos futuros, mas insistiu que a prioridade é lograr conversações de paz.
"Estou a dizer o que nós estamos a pensar hoje. Amanhã, podemos evoluir e pensar de outra maneira, mas eu não posso imaginar como é que os moçambicanos vão pensar daqui a um mês ou dois meses. Agora, achamos que o que é preciso é que as duas partes se sentem", concluiu.
Na mais recente votação, realizada a 23 de fevereiro passado, a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, com uma esmagadora maioria de 141 votos, uma resolução que exige a "retirada imediata" das tropas russas da Ucrânia e pede "uma paz abrangente, justa e duradoura".
O projeto de resolução, elaborado pela Ucrânia e aliados com apoio da União Europeia, obteve 141 votos a favor, sete contra e 32 abstenções dos 193 Estados-membros da ONU, reforçando mais uma vez o isolamento de Moscovo na panorama internacional.
Votaram contra este texto a Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte, Eritreia, Mali e Nicarágua, e entre os países que se abstiveram estão China, Angola, Moçambique e Cuba.
⛲ Dw
0 Comentários