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PayTech, pagamentos digitais: o caso de sucesso de uma startup eminentemente moçambicana

  


A PayTech, uma empresa emergente no mercado moçambicano, fundada e operada por jovens moçambicanos, tem estado, há quase meia década, a dinamizar pagamentos digitais no país. Teve o seu início de operação em 2017, com uma visão virada em trazer a área de tecnologia de informação para todos os níveis sociais, dedicando todo o seu esforço em contribuir com a literacia digital, desenvolvimento de aplicativos e soluções de pagamentos digitais em carteiras fechadas

Em contacto com “Carta”, Edy Barrote descreveu que a PayTech apareceu no mercado, quando o empresário Amade Camal, representante da SIR MOTORS, desafiou dois jovens moçambicanos (dos quais é parte), formados em Engenharia Informática pelo Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC), a criar um sistema de bilhética nacional, com o objectivo de digitalizar o processo de compra de bilhetes e de acessos aos transportes públicos 100% cashless para o serviço intermodal da Metrobus.


“O sistema de bilhética 100% moçambicano é um sucesso e actualmente possui uma carteira de 20 mil utilizadores registados com mais de 1 milhão de transacções por ano e uma eficiência de 98,7%. Em 2019, após atingir dois milhões de transacções com o sistema de bilhética electrónica, a PayTech desenvolveu, juntamente com o BCI, o cartão Txova Bancário, que foi a segunda geração do cartão Txova recarregável. O Txova Bancário é um cartão com duas componentes, uma valência bancária e outra valência de transportes, que permite que os seus clientes não só usem o cartão para acesso aos serviços de mobilidade da Metrobus, mas também tenham acesso a todo o ecossistema financeiro” afirmou Barrote

Em 2018, Barrote contou que a PayTech começou a desenvolver um aplicativo digital, designado "Moogle'', que agrega mais de 62 serviços para responder às dificuldades no acesso, por exemplo, à restauração, compras em supermercados, serviços de táxi, ambulância, envio de expedientes/encomendas.

O Engenheiro descreveu que o Moogle é uma plataforma capaz de unir diversos comerciantes aos compradores de forma simples e prática, sem que tenham um contacto físico. “Actualmente, contamos com mais de seis serviços disponíveis no Moogle, dos quais, destaca-se o táxi, mercado, restaurantes, ambulância, reboque, entregas de documentos e carga. Através do Moogle, os usuários registados podem visualizar os produtos oferecidos por diferentes lojas, supermercados e restaurantes, comprar e receber as compras ao domicílio, reduzindo a necessidade de deslocamento para locais públicos”, explicou a fonte.


Para os agentes económicos, a fonte sublinhou que o Moogle oferece às empresas serviços acessíveis aos seus clientes por qualquer smartphone com internet, contribuindo, deste modo, para acelerar o processo de transformação digital, facilitando e reduzindo o investimento necessário, passando a oferecer os seus produtos online


 Volvidos dois anos de existência, o Engenheiro relatou que a empresa diversificou o leque de ofertas para cobrir outras áreas que necessitavam de uma maior atenção nas Tecnologias de Informação e Comunicação para além dos transportes, nomeadamente, desporto, governação electrónica, centros religiosos, entre outros.


Em 2020, Barrote contou que a PayTech assinou um memorando de entendimento com a mesquita Mohammad, com vista a desenvolver uma solução capaz de melhorar a comunicação e a colecta das contribuições dos crentes. Desta forma, desenvolveu-se um aplicativo para a mesquita e um cartão de identificação do crente.


“No âmbito da Covid-19 e restrições impostas nos centros religiosos, a PayTech desenvolveu também um sistema de controlo de acesso e contagem de número de crentes que frequentam os centros religiosos permitido o maior controlo no acesso aos centros e bloquear o acesso após exceder a capacidade de lotação. Este sistema também permite fazer o rastreio caso existisse um caso de contaminação. Este sistema não foi só implementado na mesquita Mohammad, mas também na Mesquita Anuail e na Mesquita da Machava”, explicou o jovem

Cofundador da PayTech, Barrote assinalou que, ainda em 2020, a empresa assinou também um memorando de entendimento com o clube Ferroviário de Maputo, no âmbito do qual desenvolveu um aplicativo e cartão de identificação do sócio para o clube, capaz de fazer uma melhor gestão dos sócios dos clubes, gestão dos jogadores, gestão do histórico dos sócios e dos pagamentos das quotas, gestão de contribuições e lançamento de campanhas, gestão das participações dos sócios e venda de bilhetes para eventos, comunicação intensiva e interacção directa com os sócios.


Ainda em 2020, a nossa fonte contou que a PayTech assinou um memorando de entendimento com o Município da Matola, que visava a governação electrónica e digitalização do município de modo que o munícipe tivesse o seu município num smartphone. Este desafio culminou no desenvolvimento de um aplicativo e cartão do munícipe.


“O conceito de cartão do munícipe foi pensado para promover a integração digital e financeira dos munícipes que não têm acesso a smartphones, mas também servir de uma identidade digital do munícipe. Para além disso, este conceito foi desenvolvido na óptica da digitalização do processo de pagamento das taxas do mercado, dando a possibilidade ao vendedor de efectuar o pagamento da taxa e ter acesso ao histórico de pagamentos de forma simples e acessível. Esta solução não só ajuda a melhorar a gestão da receita colectada nos mercados, mas acima de tudo ajuda na aceleração da inclusão financeira, num segmento de munícipes sem precedentes bancários”, explicou Barrote.


Segundo o Engenheiro Electrónico, o aplicativo do Município da Matola consiste numa App mobile e uma plataforma de gestão central. Este produto foi desenhado a pensar nos cidadãos que já têm acesso à internet e, particularmente, aos smartphones. Através da plataforma, os cidadãos têm acesso ao pagamento de taxas municipais de forma digital, marcação de audiências, acompanhamento das últimas notícias, comunicados e alertas, participação de ocorrências, atendimento em tempo real, acesso a documentos de apoios, tramitação de licenças municipais, entre outros.


Para Barrote, o aplicativo em questão introduz uma nova abordagem de relacionamento entre o governo municipal e o cidadão e, com a implementação da solução, a edilidade estará muito mais próxima do munícipe, provendo um serviço com maior qualidade

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