Nyusi despede-se Hoje dos moçambicanos
É já, quarta-feira, 7 de Agosto de 2024, que Filipe Jacinto Nyusi irá discursar pela…
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Associação diz que a situação agravou-se desde a chegada da cavalaria ruandesa
Acaba de ser assassinado no início desta noite, à queima-roupa, na zona da Liberdade, na cidade da Matola, o cidadão ruandês Karemandingo Revocat que se encontrava exilado no país desde a década 90, na sequência de uma perseguição movida pelo regime de Paul Kagamé.
A vítima, que era membro da Associação dos Ruandeses em Moçambique, onde desempenhava a função de chefe da Comissão de Património foi regada de balas por volta das 17 horas quando saía da sua farmácia localizada no bairro da Liberdade, junto das bombas da Galp, curiosamente uma zona bastante movimentada. Testemunhas no local acreditam que a vítima já vinha sendo seguida há alguns dias.
As informações ainda são escassas, mas segundo apurou o Evidências a vítima mortal já vinha recebendo ameaças de morte por parte de autoridades do seu país de origem. Em 2016 escapou à morte após um atentado à sua vida.
Contactado pelo Evidências, o presidente da Associação dos Ruandeses em Moçambique caracteriza o ambiente actual vivido pela comunidade ruandesa como sendo de grande terror, sobretudo depois da chegada da tropa daquele país, que inclui agentes da polícia, serviços secretos e supostos esquadrões da morte.
“Desde que a força ruandesa que está em Cabo Delgado chegou vivemos numa situação de insegurança. Todos os dias os meios de comunicação de Ruanda falavam do nome dele e outros irmãos que estão a ser caçados pelo regime. Já estávamos a espera que a qualquer momento ia acontecer isto. Informamos ao Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados que havia essa ameaça, mas nada foi feito”, lamentou Cleophas Habiyareme.
“Estamos todos chocados com o que está a acontecer connosco. Estamos preocupados porque o governo de Moçambique não se mostra interessado a nos garantir segurança necessária, entanto que exilados. A nossa situação está caótica”, desabafou Cleophas, lembrando que este é terceiro caso em menos de quatro meses.
O primeiro caso teve lugar em Maio último, quando o jornalista ruandês Ntamuhanga Cassien, que se encontrava exilado na ilha de Inhaca, Maputo, desapareceu em circunstâncias não esclarecidas. Mais tarde, descobriu-se que estava encarcerado na 18ª esquadra na Cidade de Maputo, de onde depois foi lavado para a embaixada do seu país e neste momento está em parte incerta.
O segundo caso teve lugar há manos de um mês quando o secretário-geral da Associação dos Ruandeses em Moçambique, Byiringiro Wellars e seu irmão Niyonteze Jean Jacques foram “raptados”, há dias, no bairro de Zimpeto na cidade de Maputo, tendo sido levados à Matola, mantidos na Esquadra Policial de T3, de onde só viriam a ser libertos 24 horas depois, após uma forte intervenção da Comunidade Ruandesa junto do Governo.
Aquele incidente reforçou a ideia de que o envio de tropas daquele país para ajudar a combater os insurgentes em Cabo Delgado pode ser uma moeda de troca para uma solução extra-legal visando acomodar um velho pedido de Kigali para a colaboração de Moçambique na caça aos adversários exilados no país.
Trata-se de um interesse antigo, que em 2016 levou o presidente ruandês a escalar Maputo, onde fez um pedido formal para a viabilização de um acordo bilateral de extradição, com vista a garantir a perseguição de 12 indivíduos procurados pela justiça daquele país, “escondidos em Moçambique”, associados a crimes relacionados com o genocídio de 1994. Na altura não houve nenhum acordo entre as partes.
Para além de Cassien, o Evidências sabe que o regime de Kigali, conhecido por perseguir e eliminar opositores, está a caçar em Moçambique outros quatro ruandeses, que neste momento vivem como fugitivos no país de asilo.
A cavalaria do Ruanda é composta pelas Forças de Defesa do Ruanda (RDF) e a Polícia Nacional do Ruanda (RNP). A inclusão da polícia alimenta os temores da comunidade ruandesa que acredita que haja uma missão clara de, enquanto se combate o terrorismo, haver caça a alvos já identificados em Moçambique, dentro do acordo secreto entre Nyusi e Kagamé.
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