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Dívidas ocultas: Bruno Langa confessa ter recebido 8,5 milhões de dólares

 


No oitavo dia de julgamento das dívidas ocultas, o réu Bruno Langa disse que recebeu o dinheiro da empresa Privinvest pelo seu trabalho de consultoria. E afirmou que foi alvo de ameaças durante a instrução preparatória.

Bruno Langa confessou esta quinta-feira (02.09) em tribunal que recebeu 8,5 milhões de dólares da Privinvest. A empresa é acusada de subornos, mas o réu rejeita que o dinheiro que recebeu tenha sido ilegal.

Segundo Bruno Langa, os 8,5 milhões de dólares foram para o pagamento do trabalho de consultoria de hotelaria e imobiliário que prestou à Privinvest.

"Sim, meritíssimo", confirmou Langa em tribunal.

"Ameaças" durante a instrução preparatória

Durante o interrogatório desta quinta-feira, o amigo de infância de outro arguido no processo,Ndambi Guebuza, filho mais velho do ex-Presidente Armando Guebuza, afirmou ainda que, durante a fase de instrução preparatória, foi obrigado a assinar as suas declarações.

A denúncia surgiu na sequência de uma pergunta do Ministério Público sobre o nível de participação de Bruno Langa no projeto da proteção da Zona Económica Exclusiva, em que a Privinvest estava envolvida.

Arguido Bruno Langa à entrada da audição desta quinta-feira (02.09)

O Ministério Público constatou que as declarações do réu em tribunal contradiziam as suas declarações na fase de instrução preparatória. Depois de ler as suas declarações anteriores, Bruno Langa voltou atrás na palavra e reconheceu: "O que eu disse aqui é verdade".

No entanto, "o que está ali escrito", nos documentos da fase de instrução preparatória, "o procurador Alberto Paulo fez com que eu dissesse aquilo. Ameaçou prender-me por várias vezes", declarou Langa

"Estou tranquilo"

O Ministério Público quis entender o grau da alegada ameaça do procurador ao réu, perguntando a Bruno Langa se "estava tranquilo" sobre essa revelação, que considerou ser "grave".

- "Sim, estou", respondeu Langa.

- "O senhor esteve ou não acompanhado pelo seu advogado?", indagou o Ministério Público.

- "Sim, estive."

- "O seu advogado presenciou as ameaças e, não obstante, permitiu que o senhor assinasse um auto de declarações nestas condições, em que o senhor foi ameaçado e coagido?"

- "Sim", afirmou o arguido.

Bruno Langa revelou que, no âmbito do seu trabalho para a Privinvest, viajou até aos Emirados Árabes Unidos e a Kiel, na Alemanha. Neste país teria encontrado o amigo Ndambi Guebuza, em dezembro de 2011, além de outro arguido no processo, Teófilo Nhangumele.

Durante a sessão desta quinta-feira, o arguido começou a responder às perguntas do juiz Efigénio Baptista de forma serena, mas acabou entrando na onda do inquérito a Ndambi Guebuza ao responder com "não me recordo" ou "não vou responder a essa pergunta".

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