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Paramilitares travam rapto de jovem em Cabo Delgado

 


Província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes.

O conjunto paramilitar localmente designando Nampharamas travou o rapto de um jovem por grupos supostamente terroristas em Ancuabe, na província moçambicana de Cabo Delgado, avançaram à Lusa fontes da comunidade.

O episódio terá ocorrido por volta das 11h00 (09h00 em Lisboa) de quinta-feira, na aldeia de Nicunhete, no interior de Sunate (Silva Macua), distrito de Ancuabe, quando a vítima trabalhava num campo agrícola.

"Os terroristas queriam raptar um jovem na sua machamba, mas os Nampharamas o salvaram. Um residente local viu o grupo a abordar o jovem e foi rapidamente alertar a comunidade. Os Nampharamas fizeram-se ao local e os grupos rebeldes fugiram, abandonado a vítima", disse à Lusa uma fonte a partir de Sunate (Silva Macua).

No distrito de Ancuabe, a 105 quilómetros da capital provincial (Pemba), as comunidades de Missufine e Intutupue tem alertado para a "movimentação estranha" de grupos desconhecidos.

"Há movimentação, sim, até porque agora fazemo-nos à machamba em grupos", declarou outra fonte daquela comunidade, lembrando que desde 2021, quando os rebeldes atacaram a comunidade de Nanduli, os moradores de Ancuabe vivem "apreensivos" face à novas movimentações destes grupos em Cabo Delgado.

Os Nampharamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 80, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.

Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

Dados oficiais indicam que a nova vaga de ataques em resultado das movimentações obrigou 67.321 pessoas a fugirem das suas terras de origem, incursões justificadas pelo executivo moçambicano como resultado da "movimentação de pequenos grupos de terroristas" que saíram dos seus quartéis em direção ao sul de Cabo Delgado, após um período de relativa estabilidade.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos.

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